Winston Churchil não era um liberal em matéria de política e de costumes. Era muito mais um conservador que aceitava a Democracia como modo político de governo, até porque, ele próprio tinha consciência de que em matéria de administrar o Estado, não havia outro regime melhor para defender a liberdade individual e principalmente resistir aos avanços daqueles outros modelos políticos que buscam privar a sociedade dessa mesma liberdade.
Daí a famosa e popular frase dele, pronunciada na “House of Commons” em 1947: “A Democracia é a pior forma de governo, exceto por todas aquelas outras formas que foram tentadas ao longo do tempo”
Mesmo celebre e até mesmo desgastada, essa frase é provocadora, realista e atual.
Revisitando a história política recente da Democracia brasileira, nos deparamos com fatos que demonstram muito bem o que o Churchill quis dizer.
Tivemos durante os anos 80, conhecida até então como a “década perdida”, os piores anos da nossa história, com dois governos desastrosos, para dizer o mínimo. O do Gal. João Figueiredo, o último do período do Golpe Militar, e na sequência, em 1985, tivemos o primeiro civil, Sr. José Sarney, fruto da chamada abertura política. Foram anos duríssimos…guardo na lembrança, o desemprego, as greves, o desabastecimento, a híper inflação, com consequências sociais e econômicas terriveis para a população.
Em seguida, em 1989 tivemos as primeiras eleições diretas para Presidente da República, aonde através do voto popular “nos foi dado” o direito de escolher o nosso primeiro Presidente, pós Golpe!
Pois bem, tivemos 22 candidadtos!!! Isso mesmo, 22 Candidatos…lembram-se ??? Vamos lá:
Affonso Camargo Neto
Afiff Domingues
Antonio Santos Pereira
Armando Corrêa
Aureliano Chaves
Celso Brant
Enéas Carneiro
Eudes Oliveira Mattar
Fernando Collor
Fernando Gabeira
Leonel Brizola
Lívia Maria Pio
Luiz Inácio Lula da Silva
Manuel de Oliveira Horta
Mário Covas
Marronzinho
Paulo Gontijo
Paulo Maluf
Roberto Freire
Ronaldo Caiado
Ulysses Guimarães
Zanir José Teixeira
Confesso que não me recordava da maioria deles. Só me dei conta da “pluralidade política ideológica” que tínhamos, após uma rápida pesquisa ao Google. Alguns não conhecia e tampouco conheço hoje. Uns eram caricaturas de si mesmo ou de seus personagens, outros oportunistas em busca de um espaço para efêmera fama, outros sem dúvida eram atores políticos que iniciavam a sua trajetória, pessoas como Afiff, Gabeira, Caiado, Collor, e Lula, e um outro grupo de vieses opostos, de ideologias diferentes, mas experimentados na vida política brasileira: Aureliano, Brizola, Covas, Maluf, Freire e o velho Ulysses. Por quem optamos? Qual a nossa escolha? Pelo desconhecido! Não importa se de esquerda ou direita, mas pelo inusitado, pelo “novo”, ou seja, desprezamos a experiência, a história e rumamos para uma aventura: Collor ou Lula.. Mas era a Democracia, nós os escolhemos. O desfecho dessa “infeliz página da nossa história”, sabemos muito bem no que deu.
Estamos exatamente 30 anos depois da nossa primeira aventura…outras se passaram, como por exemplo eleger a Dilma, e em seguida, o que é a meu ver muito pior, reeleger a Dilma. Mas seguimos adiante, afinal vivemos numa Democracia, e a vida é feita de escolhas.. Tudo indica que o nosso gosto pela aventura é muito mais acentuado do que imaginávamos em 1989, até porque esse pequeno lapso de tempo não foi suficiente para nos ensinar muito.
Em 2018, eleições passadas, seguimos em busca de mais uma nova aventura. Pouco importam os candidatos mais experientes, queremos o “novo”, vamos derrotar a “velha” política. Desprezamos a história e nos enfiamos numa nova aventura.
Quiçá não tenha o mesmo final daquele “velho filme”…a esperar…
Mas por que tudo isso? Apenas para reafirmar, que Churchill tinha total razão: “A Democracia é a pior forma de governo, exceto por todas aquelas outras formas que foram tentadas ao longo do tempo”…2022 nos espera….até lá.
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