Manhã de setembro, anunciando a primavera,
bem cedo, ainda escuro, vi a noite se transformar em dia,
acompanhada do doce canto de um Sabiá
que invadia o quarto, nos convidando a acordar.
Um canto, suave, constante, limpído e afinado..
Singelo, e repleto de esperança,
numa nova vida que surgia junto com o dia…
Fiquei a pensar, o quanto é ardúo o teu recomeçar, Sabiá…
Quantos querem a tua ruina, desejando te calar, apenas por saber cantar…
Pequeno Sabiá…não esqueças nunca o teu canto,
Não te intimides com as ameaças, não suma, não desapareça..
Estarei sempre a espera do teu canto,
Que é para mim, um acalanto
materializado naquele mágico momento,
aonde a noite se esvai e o dia surge,
aonde termina um ciclo e começa um outro,
aonde a morte e a vida se confundem,
sendo ambas, complementos da propria existencia…
E nesse momento, com a doçura do teu canto,
recordo das minhas orações de criança,
e penso nelas, as mais proximas e mais distantes,
as mais ricas e mais pobres, as mais brancas e mais pretas,
todas puras como a noite que se vai e o dia que chega…
Teu canto é a minha única forma de oração…
não me deixes esquecer..
bom dia Sabiá…bom dia…
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